27 outubro 2011

Um belíssimo texto de Ana Rita, minha orientanda de Estágio

É evidente o quanto experiências anteriores relacionadas à aprendizagem de uma segunda língua podem refletir na bagagem sustentada pelo professor durante sua formação. Esses fatos vivenciados formam a base pensante, sentimental e influem de forma direta no planejamento do mesmo. 

Junto com as experiências estão as crenças criadas e, muitas vezes, mantidas ao longo da formação. Em grande parcela estas crenças, com relação ao ensino de Língua Estrangeira, acabam limitando a atuação do professor e barrando a aprendizagem do aluno. Tais crenças como só se aprende uma Língua Estrangeira se você tiver contato direto com ela, indo para outros países, ou ainda que é preciso frequentar cursinhos particulares.

Partindo da influência que as crenças e experiências do professor em formação exercem, nota-se o quanto isso, além de figurar em sua prática, também contribui para formular sua reflexão em torno de seu papel como educador.

Para exemplificar esse papel reflexivo, também utilizado pelo professor em formação, peguemos como exemplo a atuação de um estagiário. Este tenta trabalhar com uma música em uma de suas aulas, no entanto, apenas identifica a gramática dentro da mesma e deixa de lado o contexto da música. Ao chegar em casa percebe seu grande erro e se sente mal, essa simples percepção é reflexão. A reflexão não irá redimi-lo, mas com certeza contribuirá para que não se cometa novamente tal falha.

Dessa forma, ser um profissional reflexivo é fundamental na obtenção do sucesso, principalmente no que diz respeito ao lado pessoal. Refletir é repensar o que se aprendeu ao longo da formação, e mais ainda, é perceber se na prática existe coerência com essa formação contínua. É preciso rever o modo como se ensina e sempre que necessário, mudá-lo.

18 outubro 2011

A democracia do Ensino



            Fala-se tanto em liberdade... Um dos principais lemas da Revolução Francesa, que trouxe à tona o reconhecimento dos direitos humanos. O que significa esse termo? Ou melhor, qual a verdadeira concepção deste construto para com o ser humano? 
Resgatando algumas ideias existencialistas de Sartre no que se referem à liberdade, bem aos moldes socialistas, verifica-se que cada ser humano tem livre arbítrio para fazer suas próprias escolhas. O fato de decidir é um princípio essencial da liberdade. Todavia, na mesma proporção, existe a responsabilidade. Assim, esses dois opostos que combinam entre si, são fundamentais nas regras de cidadania e democracia tão focadas hoje.
            Em um cunho mais específico, o qual remete à figura do professor e do aluno, a liberdade corresponde ao principio fundamental de acontecer o aprendizado, a formação, o criticismo, o aprimoramento e todas as vertentes que gera o tão proclamado slogan dos “direitos” concedidos em um ambiente escolar. Ela é a garantia de que as realidades vividas por professores e, especialmente, alunos, atinjam, através de experiências, o êxito na formação.
Já que juntamente com “direito – liberdade” caminha a “responsabilidade – dever”, é necessário que ambos agentes, professor e aluno, estejam cumprindo seus verdadeiros papéis e fazendo jus ao lugar que realmente ocupam. Porque são importantes e essenciais no processo de mudança e de transformação. E um complementa o outro, uma vez que o professor tem um papel e o aluno tem outro na ação de ensinar-aprender.  
            Nesse sentido, observa-se que a figura do professor é tão fundamental quanto à figura do aluno. A esse último, cabe buscar os próprios meios para descobrir e ampliar as providências direcionadas por aquele, ao qual pertence a ilustre função de motivar e garantir meios para que o aprendizado ocorra. Diferentemente dos sistemas educacionais antigos, em que o professor ditava as normas e o aluno cumpria calado essas leis, hoje, os dois são partes ativas que devem organizar-se dentro de um ponto comum e difundir a responsabilidade.  
            Não há direito sem responsabilidade, assim como não há dever sem liberdade. Só se pode alegar algo quando se é suficientemente cumpridor de responsabilidades afins às solicitações e reivindicações. Só se pode criticar determinadas reações caso as próprias ações estejam pertinentes ao antagônico daquilo que se condena. Assim vale a toda hierarquia humana.
            Em sala de aula, o importante é estabelecer esses princípios que regem a boa conduta. Inclui nesse aspecto a criatividade no relacionamento. No tocante ao aluno, esse ingrediente de sucesso fará com que o mesmo tenha capacidade de interagir-se, dinamizar e transformar o conteúdo oferecido em estratégias de aprendizado de forma individual e espontânea. Se assim o for, realmente se desprenderá da figura docente, em outras palavras, caminhará com suas próprias pernas.
Tendo a liberdade como autonomia e, consequentemente, a responsabilidade de ser senhor do seu próprio destino, é o que permite o desenvolvimento do que um dia poderemos exercer de forma justa e inteligente, a grifar: a verdadeira autonomia, a verdadeira democracia.  
                    

Uma charge crítica vale mais do que mil palavras!

10 outubro 2011

Um texto que produzi para refletirmos


O SINO TOCA

Hélvio Frank de Oliveira


Talvez escrever seja a maneira mais irônica de externalizar aquilo que dentro de mim insiste em (re)moer com relação a algumas circunstâncias e alguns papeis designados ao professor. Já vou alertando que não se trata de uma fábula, mas de um dramático acontecimento real. Alguns momentos, eu! Alguns momentos, conto!   

Houve-se um tempo, em que o professor era respeitado. Nesse tempo, não havia leis dizendo o que ele deveria (ou não) fazer com aqueles que não lhe prestassem o devido respeito. Ou, pelo menos, nesse tempo, talvez muitos infratores não soubessem sobre as leis com tanta veemência, por uma simples razão: para usá-las a seu bel-prazer e promulgá-las a favor de seus próprios direitos, sem observar que existem, do outro lado da própria moeda, os deveres.

Sobre esse processo de reinvindicação egocêntrico, sabemos que a mídia tem um papel fundamental. Todavia, maior que o poder midiático é a forma de alguns governantes, legisladores, ou quais sejam os autores dessas mirabolantes leis beneficentes, se ocuparem livremente do proceder e transferir, a meu ver, os limites que, antes eram dirigidos ao aluno e, hoje, passaram a ser remetidos ao professor. Agora, é o aluno que toca o sino!

Ficções à parte, conto isso porque durante minhas experiências profissionais em uma escola pública, percebi o quanto o aluno tem sido privilegiado por meio dessas gratificações em prol de torná-lo um cidadão, civilizado. O que também é muito questionável, mas não mereça mais linhas aqui! Essas garantias previstas em uma série de instâncias legais lhe garantem a vida digna escolar: o direito a uma segunda chance sob qualquer circunstância pedagógica. Só para ilustrar, eu posso citar a recuperação paralela!

Diante dessa opressão, enquanto professor, sinto que cada vez mais tenho meus pés e mãos atados para impetrar qualquer decisão, para tocar o sino. Se invisto numa dessas tentativas, ouço diretamente discursos do tipo: “Você vai fazer isso?!” ... “Mas temos que nos lembrar de que o aluno pode recorrer com isso, isso e isso”... E o grau hierárquico de quem, em tom preocupante, me alerta sobre tais possibilidades, sempre pesa em minha balança de decisões, a favor, claro, do aluno. Não gostaria de confusões em relação ao que entendo como limite. Tampouco de uma má concepção sobre o que quero para com os alunos. Eu apenas acredito que o limite é um elemento muito importante e necessário para a vida social representada em sala de aula, entre os muros da escola, tendo em vista as hierarquias. Nesse contexto, sou eu, professor, quem deveria tocar o sino.

Entretanto, há uma lista de legalidades que me impedem de agir. E confesso que estou ficando com medo de atuar! Ao mesmo tempo, questiono se o receio seria uma postura interessante em meio a essas propostas burocráticas de pseudo-democratas e representantes do bem estar social ao emitir papeis (nos sentidos denotativo e conotativo) sobre os deveres de um professor. Se brincar, o professor, além de suas obrigações de praxe, possui muito maior obrigação do que seus pupilos quando o assunto é aprender, ser educado, ser cidadão. Esses estatutos e papeis me enojam quando seus princípios não possuem como balizamento o equilíbrio entre o que é humano, pedagógico e o que não se enquadra dentro dessas categorias. Se esses papeis não fossem tão duros, eu os utilizaria para outro sentido, mas nem para isso eles servem!      

O fato é que o sino toca! Ah, “se toca”! Toca sob forma de alarme e de alarde. E cala a voz de quem tem teria algo mais a dizer. Mas o silêncio, a reflexão não se instaura. Infelizmente, esse alguém também é impedido pelas mãos daqueles que não têm ouvido e, num movimento de palmas, impelem o cessar daquele que ousa agredir tímpanos; outrora pelas mãos daqueles que entendem e sabem que o som emitido balança de alguma forma, em algum sentido. Mas não o impedem!

O sino toca! Entretanto, muitos desses que possuem mãos, certamente, não podem ouvir, pois não têm ouvidos ou não desenvolveram outras habilidades sensoriais e de bom senso. No máximo, possuem uma boca e, como não aprenderam a ouvir por falta daquele membro, não emitem sons inteligíveis, emitem barulhos. No fundo, não há nada dentro deles, a não ser um oco e eco a clamar por algo que os preencha. Retumbante! Definitivamente, eles clamam e é por isso que o sino toca. E toca. Alguns são tocados! Aliás, já é tarde, agora, vou me embora, pois se o sino toca, é hora de encerrar a aula.    

04 outubro 2011

Violência gera violência!?







A violência de ordem física e simbólica está presente em todos os contextos escolares desde o primeiro sinal tocado. Por parte de professor, alunos, pais de alunos, entre outros envolvidos, ela repercute nos espaços midiáticos diariamente e essas cenas servem para o fortalecimento de sua presença constante na hora da chamada. Entretando, o que fazer com essa complexidade se, somada a ela, percebemos que não há limites e parece haver mais direitos que favoreçam a hierarquia docente. O que precisamos, de fato, é assinalar sua ausência por entre os muros da escola.