Em se tratando do assunto política, na condição de cidadão,
professor universitário, minhas reflexões convergem para alguns aspectos voltados à crítica por parte do eleitorado. Falo de
nossos deveres cidadãos de: * fazer política o ano todo, fiscalizando e
cobrando o que foi prometido, e não deixando apenas para a véspera de eleições.
Vamos abandonar o discurso da memória curta?!; * desvencilhar de uma vez da
ideia de que política não presta, pois é justamente com essa ideia que nosso
senso positivo se desespera, perde, torna-se desinteressado e, com isso, abre
espaço para os escândalos que temos ouvido falar, lido. Votar sempre é
necessário, mesmo que nulo/branco. Sim! Apesar de, nessas eleições, não votar
nulo/branco, eu defendo esses tipos de voto. A princípio pode parecer uma fuga, mas, hoje,
entendo que ele pode ser uma voz satisfeita dizendo: “não vou votar em ninguém,
porque nenhum dos que são candidatos merece meu voto”. E essa voz faz sentido
se, na prática, numa perspectiva bem utópica de eleitor , ele imagina que seu
protesto valerá o seguinte argumento: “voto nulo/branco por protesto, porque se
todos fizerem igual a mim, teremos que fazer uma nova eleição, dessa vez, com
outros candidatos”. Praticamente impossível isso acontecer, mas imagina que
bafo seria a consciência de alguém se candidatar e não ter nenhum voto e o
pior: perceber que ele, enquanto candidato, na opinião da massa, não faz jus ao
cargo (rs); * analisar perfis/posturas de candidatos, pois eles nos dizem
muito. Por exemplo, o que posso pensar de um candidato que, para garantir o
voto ou proclamar sua campanha (visual/boca-boca), abastece tanques de gasolina
de carros, adesivam carros alheios e/ou doam coisinhas por aí!? Se eles já
fazem isso antes - burlam a regra! - imagine do que são capazes quando os
cofres forem públicos e deles possuírem o domínio; * Perceber que ser
bonitinho, cheirosinho, amigo de todos, popular, não são perfis suficientes
para a ocupação de determinado cargo. Afinal, não se faz política só de
alianças populares e famosas, tem que ter conteúdo, visão (essa está bastante
próxima do nível cognitivo, da inteligência), equilíbrio, direção, educação,
senso de cidadania, laicismo, entre outras coisas. E, ainda, quando eleito,
contar com um grupo de pessoas competentes e aptas para as pastas, enfim, com
potencial perfil profissional em todos os seguimentos empregativos. Daí já
solucionamos, também, o problema de ter de esperar fulano ser eleito para colocar
alguém da minha família no serviço, porque essa pessoa é competente e
profissional no que faz, não precisa disso. Será contratada!; * praticar a boa
vizinhança sempre e parar de brigar, pois o que vimos de eleitores que trocaram
tapas por candidatos que, hoje, estão coligados não é brincadeira; por fim, *entender,
de fato, que benefícios públicos direcionados a você não são “boa vontade” de certos
candidatos/políticos assistencialistas, as benfeitorias realizadas pelo poder
público não passam de obrigações, porque você é um cidadão que paga impostos e
possui direitos.
13 novembro 2012
14 agosto 2012
04 julho 2012
Facebook: onde tem de tudo e
não tem de nada
Fico pensando
na relevância que a rede social facebook tem adquirido com o decorrer do
tempo, com a instauração e evolução de aplicativos e a adesão cada vez maior de
um grande número de pessoas a ela. Como qualquer espaço político, social, não
neutro, ideológico, histórico e cultural, no mínimo, a ferramenta tecnológica
“democratiza-se” a partir do uso (in)disciplinado de qualquer cidadão.
“Democratiza-se”, entre aspas, porque o
acesso à Internet ainda não é um benefício exclusivo de qualquer cidadão
brasileiro. Por outro lado, é democrático porque existem diferentes tipos de sujeitos
ligados por um fio, independente de classe, raça e cultura, com perfis e
intenções bem diferenciadas.
A
heterogeneidade virtual de pessoas não consiste necessariamente em um fator
negativo na era tecnológica. Ainda bem que existem usuários de diversos níveis
para pluralizar o meio e o tornar politicamente correto: com o ar da
diversidade! Por exemplo, em ambientes virtuais, existem aqueles que escrevem e
não são bem interpretados pelo interlocutor, porque faltou um ponto, uma
vírgula, uma interrogação na pergunta, na declaração. Outros até são entendidos
(com ou sem esforço!), mesmo grafando incorretamente algumas palavras. De
qualquer forma, quando lemos suas postagens e constatamos as barbaridades que
fogem à norma culta do português, não deixamos de pensar que as construções dizem
respeito a um indivíduo sem muita escolaridade, com menor grau de cognição, até
o famoso (e preconceituoso por sinal!) senso comum de que se trata de um
desfavorecido a usar o facebook.
Não para por
aí... Na rede social, vimos de tudo: de citações de Clarice Lispector e Caio
Fábio de Abreu a versos bíblicos de proteção. Mesmo provenientes daqueles que
não têm o hábito da leitura mensal, nem escolar, nem por prazer. Exercem, com
isso, um tipo de leitura fragmentada, deslocada e oportunista, provedora
genuína de bons fluídos. Daí, como se fosse uma espécie de divina inspiração
para o dia, eles leem aquilo, em algum site, acham bonito, ou se sentem
bem, ou se enquadram naquelas proporções, ou, ainda, acreditam que tal trecho
seria uma boa indireta a algum colega e apertam o Ctrl-C Ctrl-V. Pronto!
Porém é fácil
descobrir a façanha da cópia canônica ao averiguar o impecável rigor com a
pontuação, a ortografia e a acentuação do português. Na hora, reconhecemos
(para quem conhece texto de aluno sabe bem disso!) que a construção sintática não
pertence ao danadinho que ousou plagiar, principalmente se for aquele danadinho
ousado mesmo, cujos parágrafos colados não superam os próprios valores de
produtor textual a ele concedidos. E imaginamos e tiramos nossas conclusões não
cabíveis aqui... Mas ainda bem que alguns cumprem o doloroso dever de citar
bonitinho a fonte.
Não faltam as
figuras públicas, ou caricaturas virtuais, recentes e muito compartilhadas
pelos facefriends, como: Irmã Zuleide, Casos de família – Tema de hoje.
São hilárias, nos fazem rir, ver o nível de criatividade autoral, sair da
rotina, sair do ambiente de trabalho (nem que seja mentalmente!), e por vezes publicar
o assunto em nossa linha do tempo. A razão é simples: a estratégica fuga
ficcional diante de qualquer mazela sufocante que todo ser humano (pode ser
brasileiro!) passa durante momentos de sua vida. O fato é que temas críticos
normalmente não são postados e, por essa razão, nunca se tornam o topo dos
compartilhamentos, já que geralmente são publicados apenas por uma parcela
percentualmente menor de facebookers. Determinadas postagens geralmente estão
em perfis de usuários maduros intelectualmente. São poucas e poucos.
Os memes
também são fantásticos. Publicou? Virou notícia? Virou bordão social. Quem não
se lembra do “para nossa alegria” em tom de ré menor, da “Luiza no Canadá”,
entre outros? Aquilo enche o saco por menosprezar a capacidade humana de ser
original. Se é que é possível alguns se sentirem assim.
Por falar em
criatividade, há sempre os discursos em que você, ao acordar, já imagina que
vai virar boato facebookiano. Uma rivalidade futebolística pode estar entre o
topo desses relatos singelamente mesclados de um teor sexual, de gênero, de
falta de educação para com o próximo. Também compõem a ilustre lista de temas os
acontecimentos históricos sociais exclusivamente populares do dia, além de
alguma data comemorativa ou qualquer outra ocasião momentânea.
Efemeridades à
parte, no face, há também os desejosos da fama social. Com afinado marketing
pessoal, publicam o corpo e a alma enamorada pela fantasia narcisista de ser. Normalmente,
se menina, as encontramos em uma foto sem flash tirada diante do
espelho, quase sempre fazendo “biquinho” e com, no máximo, três amigas captadas
– bem arrumadinhas e produzidas. Com ou sem óculos escuros. Se meninos, com a
camiseta dobrada na altura do abdômen contraído, com a cueca a mostra e com o
boné virado, talvez mostrando a língua. Com ou sem correntinha no pescoço.
Todos eles estão esperando comentários do tipo “ficou linda/o”, “perfeito/a”
para amaciar o próprio ego à medida que leem os comentários.
Há aqueles apaixonados
de plantão que, na briga, na ilusão ou desilusão, no encanto ou desencanto
conjugal, exprimem todos os seus sentimentos momentâneos para a galera ler. Em
forma de indiretas ou não, aos amados (e odiados por aquele momento!), eles
demonstram que, no amor, eles estão muito mal resolvidos, outrora bem
resolvidos. Depende apenas do dia da postagem.
Mas
como se trata de um espaço democrático, há aqueles que aproveitam, também, para
tornar pública uma marca, um acessório, uma roupa ou qualquer material de
catálogo para venda. Sábios, eles fazem do facebook um espaço para
atrair desde alienados a pessoas chiques, com vistas a divulgar seus produtos.
Há, por outro
lado, aqueles que querem apenas bisbilhotar a vida alheia. Curiosos, não fazem
questão de postar fotos (incluindo a de perfil!). Aliás, não postam fotos, não
comentam aonde vão, com quem vão, se vão. Se são marcados, eles desmarcam a
foto de um evento em que estavam presentes. Vivem no anonimato e fazem do facebook
o seu plantão diário de notícias da vida alheia, só servindo para saber como
estão seus agregados virtuais.
E
quem pensa que ainda não viu de tudo na rede social, não se estranhe se passar
a olhar com outros olhos quem estampa seu álbum com copos e mais latinhas de cerveja
e gente festando, esbanjando socialização e sociabilidade, como forma de
promoção de status público (decente, eu diria!); quem fuma e posta
fumaças para mostrar certa oposição doutrinar a algo padrão, como forma
subversiva de atacar a normatividade; quem faz questão de ser decepcionante nos
comentários e nas ponderações para chocar o outro; quem assiste a um vídeo e
sem querer marca a opção curtir e o torna público aos amigos; quem copia piadas
de mau gosto para causar impressão nos leitores. Que em mim só causam
curiosidade para saber quem é o verdadeiro dono da ideia; quem anuncia melhor do
que um GPS a localização espacial e territorial em que está ou esteve para
causar inveja alheia; quem faz de seu facebook um outdoor de promoção
de festas e eventos; quem aproveita o momento eleitoral para fazer horário
político virtual; quem posta foto de seu bebezinho lindinho fazendo cocô, todo
melecado, com as comadres a gritar “Que lindinho ele! kkkk”.
Ao final, é
bem assim mesmo... É aquele velho lema: se eu não posso de um jeito, eu tento
convencer de outro. O importante é que eu faça alguma coisa em prol de mim
mesmo. Cada um posta aquilo pelo qual se constitui, de certa forma. Cada um
posta aquilo com que se identifica ou não – se diferencia. Uma futura mamãe
estará pensando nos sapatinhos de bebê, na importância de ser mãe, na
relevância de expor uma barriga avantajada no perfil. Um professor vai sempre
postar reflexões sobre determinados fatos e criticar determinadas posturas. Vai
indicar um livro. Alguns professores, é claro. Vão incomodar. Um torcedor
fanático vai maldizer todos os seus rivais com palavras e fotografias
engraçadas depreciando outros times.
Como em toda
vitrine capitalista, um indivíduo vai apreciar um produto e não comprar, outro
não vai apreciar e vai comprar, outro vai passar despercebido e nem ver a
vitrine... Agora, comprar é um sentimento de pertença daquilo que você optou
para você, por você. Na realidade, compramos apenas aquilo que nos falta ou
aquilo que em nós está escasso. De todo, a complexidade não está relacionada ao
que ler e ao que não ler no facebook, mas àquilo que vou levar para
minha casa depois que eu apreciar. Comprar, num mundo tão trivial em que se tem
de tudo e de nada na vitrine, exige certo esforço individual. Exige reflexão e crítica.
E só com elas poderemos alcançar uma qualidade de cidadãos autônomos na
construção própria de espaços criativos de aprendizagem e de conhecimento,
tornando-nos seres cada vez mais pensantes. No bom sentido, é claro.
11 janeiro 2012
Irresistível ou inevitável mundo das tecnologias, professores?
As ferramentas virtuais e as redes sociais, para nós, professores, podem ter funções especiais e algumas utilidades. Por exemplo, a de saber o que sucede com alguns alunos que não interagem em sala de aula, entre outros aspectos pedagógicos importantes de avaliação do perfil discente. São elas, sobretudo, uma forma de saber sobre o que acontece com pessoas próximas de nós ou distantes (antagônico isso!), já que as novas formas de relações humanas, com a chegada da Internet, têm comprimido cada vez mais a noção de espaço tempo. O que acontece é que essas mudanças são tão rápidas quanto a evolução tecnológica. Daí, nossas dificuldade pessoais em adaptar (principalmente os imigrantes digitais!) a esses artefatos socioculturais e, embora virtuais, reais e necessários hoje. (In)felizmente!?
Assinar:
Postagens (Atom)