16 abril 2015

Textos críticos 5

MYLENA

Acreditando que a prática educativa é norteada por princípios éticos e políticos, tem-se como finalidade da educação a busca por uma sociedade solidária e colaborativa. Desse modo, a educação é vista como um importante instrumento de mudança social.

Para que a educação seja emancipatória e solidária é necessário a quebra de paradigmas que fragmentam o saber, engessam a prática educativa, criam “verdades absolutas” e reforçam as características individualistas da nossa sociedade. Ao buscar uma educação compromissada com essa ruptura paradigmática - que almeja a autonomia do ser - é imprescindível que a formação de professores abarque essa discussão.

A partir dessa ruptura paradigmática há a compreensão de que a ciência contemporânea está envolta em incertezas e contradições. Nesse sentido, a prática pedagógica envolve a aceitação das incertezas e o reconhecimento de diferentes saberes. O conhecimento não é uma verdade absoluta impassível de questionamentos.

A aceitação da incompletude do conhecimento leva o professor a um constante questionar – a si mesmo, ao outro, aos saberes. Esses questionamentos refletem numa prática mais criativa que rompe com o papel de imobilidade diante de uma realidade social tão distante da almejada.

Nesse contexto, o ambiente de aprendizagem privilegia que o aluno - a partir de uma compreensão de mundo compartilhada - numa relação de cooperação com o seu grupo e suas peculiaridades, reconstrua de forma crítica as concepções que ele carrega baseado na sua experiência de vida.

Construir o conhecimento através dessas relações dialógicas cooperativas envolve a conscientização de si mesmo e do outro como seres integrais. Ser e saber são inseparáveis. A subjetividade é valorizada como parte do repertório do indivíduo,
interferindo na sua capacidade relacional e como ferramenta de compreensão de si mesmo e do outro.

A construção da autonomia acontece numa relação dialógica cooperativa. A cooperação conduz à autonomia. Essa construção pessoal exige interdependência - envolvendo a percepção e aceitação das diferenças - ao mesmo tempo que afasta o aprendente, progressivamente, da dependência.

Conclui-se, então que prática de um professor que tem como finalidade da educação a busca por uma sociedade solidária e colaborativa, e que acredita numa mudança social por meio de uma educação emancipatória, vai além dos atos pedagógicos isolados e do processo ensino-aprendizagem. Sua prática parte do compromisso com as suas concepções éticas-políticas, com a quebra paradigmática, com o eterno transformar-se, compondo-se numa relação dialógica e cooperativa com seres integrais. É necessário que o processo de formação desse profissional abarque essas características. 


VICTOR HUGO

A formação de professores é um tema que possui vários horizontes a serem pensados, inclusive pelas inquietações políticas e/ou teóricas. Para tanto, se faz necessário articular conhecimentos já produzidos historicamente no contexto histórico da Educação, com o movimento já reconhecido contra hegemônico e não linear de análise da sociedade, ou seja, confrontar a realidade da formação de professores frente a uma sociedade complexa.

A universidade, a sociedade e os seres humanos estão numa dinâmica que se articulam em formato de uma teia de vínculos afetivos, psicológicos e sociais, sendo que cada contexto revela diferentes particularidades e subjetividades dos sujeitos que ali estão. Por isso, se torna de extrema importância, viabilizar caminhos para compreensão dessas (novas) exigências, fazendo com que o ser humano seja respeitado em sua plenitude.

O objeto em questão, a formação de professores, deve ser entendida como um processo que percorre um emaranhado de relações de poderes, que estão intrínsecos em dimensões para além da academia. Sobre ela se unem várias formas de ensinar e outras diferentes maneiras de apreender, sendo necessário explicitar o atual papel dos agentes envolvidos no processo de ensinagem. Nesse caso, tanto o professor quanto os alunos são sujeitos detentores de uma cultura, de um estado emocional, de fatores sensíveis à realidade, por meio da qual realizam trocas de experiências e subjetividades. De modo que o processo de mediação pedagógica ocorre de forma colaborativa e intencional, envolvente dos pares em diálogo, ou seja, professores e alunos coconstroem o conhecimento.

A princípio, compreender que a sociedade é complexa, e necessita de movimentos didáticos pedagógicos sejam também complexos, é aceitar, diante da formação de professores, que não é possível apenas transmitir o conhecimento por si só, esquecendo-se das várias outras dimensões que percorrem a vida humana. É imprescindível se deslocar das raízes lineares da compreensão de mundo e ser humano, de forma que se inicie uma reflexão acerca da necessidade vital do conhecer o desconhecido, de que o conhecimento dado inicialmente muitas vezes torna-se somente o ponto de partida. Assim, tal posicionamento ancora-se no respeito às várias aprendizagens, nos diferentes tipos de apreender a coconstruir um conhecimento.

Então, o que se pretende não é somente descartar todo conhecimento produzido pelos teóricos do paradigma tradicional da educação, mas, conforme possibilidades apontadas por essa abordagem, estabelecer a necessidade de ampliar as capacidades da busca pelo novo. Nesse sentido, a compreensão do mundo está posta como inacabada e incompleta, sendo inesgotável sua compreensão.

A partir das reflexões é possível esclarecer sobre o tema uma questão, a formação de professores, que bravamente deve buscar superar a linearidade evidenciada ainda nos cursos iniciais de licenciaturas, procurando resgatar características de um marco teórico compreensivo da realidade. Para além disso, avançar em aspectos conceituais, procedimentais e atitudinais do conhecimento, reinterpretando os sujeitos numa ótica que respeite a complexidade dos diversos contextos dessa sociedade.

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